Catarina, não acredito no espaço que a distância criou entre nós, sempre lhe vi como uma amiga, não como apenas uma neta. Acredito no seu potencial, vejo em seus olhos o brilho e a sede de ir além, de sair desse mundo de mediocridade e falsidade a qual fomos inseridas. Sei que em seu coração puro existe ainda o desejo de mudança e não medirei esforços para preservá-lo e investir nessa coisa tão rara: a fé no amor.
Pela primeira vez não demorei para decidir que presente lhe enviar, passei pela banca outro dia e vi o disco dos Beatles que sei que você sempre quis, pensei na coleção de Shakespeare que você tanto falava a respeito... Resolvi que te daria mais, muito mais que um disco e alguns livros.
A chave que você encontrou na caixa, não é uma simples chave, ela lhe abrirá as portas de um mundo mágico, lhe mostrará uma nova visão para a vida, para o mundo. Não vá com calma, não tenha medo. Faça dessa descoberta uma aventura diária e apaixone-se.
Embaixo do revestimento de camurça da caixa existe outro papel, um mapa na verdade, que a levará a uma casa abandonada que está sempre aberta, mas nunca é visitada. A chave abrirá a porta do sótão, que se encontra no quarto principal. Abra a porta, desça as escadas e mergulhe sem titubear nesse presente.
Sua querida avó.
Ps.: Este é o nosso segredo.
~
A casa,
na verdade, ultrapassou os limites da imaginação de Catarina, que sorria
vislumbrada com a beleza que a mesma possuía. Com cercas brancas e gramado um
pouco desgastado por falta de cuidados, as paredes brancas meio amareladas por
consequências do tempo entrando em harmonia com o telhado de madeira marrom.
Empurrou a porta, que como antes soubera, estava aberta. Vazia e de um silêncio assustador a casa ecoava cada passo que a menina dava, porém o que sentia não era medo, mas sim curiosidade que aumentava a cada passo dado. Encontrou o quarto principal e sob um tapete velho e empoeirado: a porta do sótão.
Ligou a lanterna e descia as escadas, agora sim, um pouco assustada. Quando chegou ao fim da escada encontrou, como sua avó havia descrito, um mundo mágico: incontáveis prateleiras repletas de livros e discos. Naquele momento não sabia mais o que pensar, os pensamentos eram turbilhões em sua cabeça, sem muita atenção acaba tropeçando no degrau e caindo ao lado de uma das prateleiras quase vazia, em exceção a uma caixa que lhe chamara atenção.
De prontidão pegou a caixa e colocou-a ao pé da escada para lembrar-se de levá-la quando saísse. Percorreu com os olhos grande parte das prateleiras, seus olhos brilhavam a cada disco que retirava, cheios de poeira e encanto. O sino da igreja toca, avisando que já passara tempo demais ali. Pega a caixa, tranca a porta e corre.
Empurrou a porta, que como antes soubera, estava aberta. Vazia e de um silêncio assustador a casa ecoava cada passo que a menina dava, porém o que sentia não era medo, mas sim curiosidade que aumentava a cada passo dado. Encontrou o quarto principal e sob um tapete velho e empoeirado: a porta do sótão.
Ligou a lanterna e descia as escadas, agora sim, um pouco assustada. Quando chegou ao fim da escada encontrou, como sua avó havia descrito, um mundo mágico: incontáveis prateleiras repletas de livros e discos. Naquele momento não sabia mais o que pensar, os pensamentos eram turbilhões em sua cabeça, sem muita atenção acaba tropeçando no degrau e caindo ao lado de uma das prateleiras quase vazia, em exceção a uma caixa que lhe chamara atenção.
De prontidão pegou a caixa e colocou-a ao pé da escada para lembrar-se de levá-la quando saísse. Percorreu com os olhos grande parte das prateleiras, seus olhos brilhavam a cada disco que retirava, cheios de poeira e encanto. O sino da igreja toca, avisando que já passara tempo demais ali. Pega a caixa, tranca a porta e corre.
Encantada com tudo
que descobriu, Catarina caminhava apressada pensando no que a caixa guardava,
levaria cerca de cinco minutos pra chegar à sua casa e toda sua preocupação
voltava-se para o medo de ser flagrada por alguém, começa a se aproximar da
viela que separava a rua da casa para a praça e escuta uma voz conhecida,
quando dobra a esquina se depara com Mariana e Pedro aos beijos , tenta ser o mais discreta
possível, mas não o suficiente, justo quando tem passado do casal Pedro faz
questão de falar: Oi... – como é mesmo o nome dela? –
Ah, Catarina! Oi, Catarina.
Ela se vira e sorri meio sem jeito pra
ele, enquanto Mariana tenta ser simpática forçando um sorriso. Os dois a
acompanham, enquanto Pedro, estranhamente simpático, tenta puxar conversa.
–
Então, cê já deve tá sabendo da festa que a gente vai dar no clube esse fim de
semana, né?
–
Unhum, não era pra menos, tem cartaz
espalhado por toda a cidade. - Catarina responde e eles sorriem.
–
Faz parte, né? Mas então, cê vai
aparecer por lá? Vai ser bem legal ver você, gente nova e tal por lá.
Mariana instantaneamente o fuzila com os olhos.
Catarina percebe que ela
não gostou nem um pouco daquela atenção repentina voltada pra ela e tenta sair
do caminho deles dizendo que estava interessada em ir, mas que “no momento tô
muito atrasada e tenho que ir, mas amanhã a gente conversava a respeito, tá?
Até mais”.
Sem compreender a situação
Catarina continua a andar apressada pensando em chegar em casa antes de sua
mãe, e chega: entra em casa, sobe as escadas depressa e se tranca no quarto.
Abre a caixa e encontra um livro com uma capa de camurça azul, com uma frase em
letras douradas: love always prevails. Na contra-capa em letras
miúdas, seu trecho favorito de
Shakespeare: “Assim que se
olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram,
perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram
o remédio.” Virou a página lentamente, abre na página marcada, quase na metade, e já podia
prever que se tratava de um diário pessoal:
“Agosto começou, mas não tenho
pretensão alguma de ligar as coisas que estão acontecendo à sua fama de
agosto-mês-do-desgosto. Não tenho superstições, mas gostaria de encontrar
alguma que explicasse toda a reviravolta que se findou esses dias. Não penso
tanto em você, nas promessas que quebramos... Mas queria te ter por perto pra
me ajudar a enfrentar as barreiras que cada dia aumentam. Sinto mesmo sua
falta, mas sinto mais falta de mim...
Eu tava pensando... Dava pra você trazer de volta aquele meu
pedaço que você levou quando foi embora? É que eu tenho suportado sozinha dias
incrivelmente frios e chatos e ter minha própria companhia é o mínimo que posso
fazer pra cumprir a parte do vou-ficar-muito-melhor-sem-você que enchi meu
peito outro dia pra te dizer tentando mostrar que nosso fim não era o meu
fim... Acho que me enganei.”
7 comentários:
Parabéns meninas, a estória está muito envolvente =)
Obrigada pelo carinho, Ana. Volte sempre por aqui, viu? ;*
muuuuuito bom, tô amando (:
Obrigada por me amar, quer dizer, obrigada, estamos tentando fazer o melhor :} Volte sempre e traga mais gente! auhauahu
Achei tão inspirado em 'alguma realidade' esse trecho final. Curti.
Ouvi dizer que tudo que vem do coração costuma soar como realidade. Deve por isso.
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